domingo, 24 de novembro de 2019

Máscaras sob máscaras


Vestimos máscaras frequentemente
A máscara ri enquanto o rosto chora
A máscara fala enquanto o rosto se cala
A máscara ouve, mas a mente joga fora
E a medida que vestimos
Máscaras sob máscaras
Nos perdemos e não percebemos
E do rosto esquecemos, jogado às traças
Rimos aquele riso industrializado
E nos esquecemos das alegrias sinceras
Choramos um choro vazio de um coração impenetrável
Ouvimos palavras falsas de máscaras espelhadas
Abafamos nosso verdadeiro ego
Engolimos nossa alma, que murcha como uma flor nas trevas
Nossa mente se torna fria e vazia
E devagar a máscara nos toma o lugar
Quando percebemos elas andam por nós
Falam por nós, comem por nós, trabalham por nós
Elas nos ordenam, não somos nós que as vestimos
São elas que vestem nossa casca vazia
Uma a uma arranquemos nossas máscaras
Eu sei, eu sei, eu também temo, mascarado leitor
Vislumbro meu rosto murcho também com horror
Mas o meu é meu e o seu, seu sempre será
É o único que ninguém pode levar, é o único que vale a pena mostrar -Vitor Dias

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